terça-feira, 30 de junho de 2015

Dez pra meia noite

Eu ainda tenho aquela nossa fota guardada,
tenho também algumas outras que eu nunca te disse, mas salvei.
Um clique de distância de todas as lembranças.
Confesso que eu prefiro aquelas em que você não está sorrindo, prefiro aquela preto e branco, que mesmo na tela do computador é possível ver a esperança refletida em seus olhos.
Sempre me apaixonei por sorrisos, mas devo admitir que quando se trata de você, me pergunto pra que esse olhar? Que perfura a gente, lê a alma. Como se nada passasse despercebido, nem a menor mentira, nem o maior sentimento. Pra que esses olhos? Porque na minha direção?
Ah meu bem, que queres que eu diga? Sabes que eu não sei ser outra coisa senão esse poço de sentimento. Até tentei gelar o coração, mas ele se recusou e eu sabiamente ouvi.
Mas falávamos de você, meu assunto favorito, mesmo que nunca tenha admitido isso em voz alta.
Nunca te disse, mas me lembro muito mais nitidamente da primeira vez que pegou na minha mão do que quando me deu o primeiro beijo.
O problema é que eu sempre tive memória fraca sabe?
Então as vezes eu pensava que você já tinha ido e você ainda estava lá,
as vezes eu achava que você ainda estava lá, mas a cama já tinha esfriado, deixando do meu lado só o seu perfume, que diga-se de passagem eu nem lembro qual é, mas lembro que eu gostava, demais.
Lembro também que você sempre falava comigo como se eu fosse de vidro, altamente quebrável, me diga meu bem, como é pisar em ovos o tempo todo? Eu não aguentaria, não sei como você aguentou, mas agradeço.
Não deveria agradecer, mas acho egoísmo guardar tanta gratidão. Você foi dono dos meus melhores sorrisos, mas no final, acho que todo sorriso é o melhor. Então diria que, enquanto estávamos juntos, meus sorrisos eram pra você, inquilino de sorrisos você seria, por assim dizer.
Queria dizer meu bem, que essas mal traçadas linhas não teriam nem metade do valor se a inspiração fosse outra, ou talvez teriam, eu tendo a supervalorizar a maioria das companhias, e no fim, acho que todo mundo é inspirador. Mas se eu pudesse personificar a inspiração, ela atenderia pelo seu nome.
Seu nome. Seu cheiro. Seu, pronome possessivo, mas sempre foi o pronome errado, nunca foi meu.


Been wondering if your heart's still open, and if so I wanna know what time it shuts.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Tempestade

Eu nunca escrevi no dia dos namorados, quando a vontade bateu fiquei meio relutante, mas eu sempre cedo, passar vontade é sempre ruim, passar vontade de escrever é duas vezes pior.


Helena é um nome forte, desses que só uma mulher forte consegue carregar, essas mulheres que abrem espaço antes mesmo de passar, dessas que não precisam pedir atenção, que não precisam levantar a voz pra serem ouvidas.
Mas não a minha Helena.
A minha Helena sempre quis ser furacão, mas foi sempre calmaria.
Sempre quis ser dessas que tiram o fôlego, fazem as pernas ficarem bambas e o cérebro atordoado,
dessas musas por quem você perde a razão, compra flores, passa noites em claro, manda mensagens, perde o medo, dessas por quem se esquece de viver, tenta entender o universo por causa delas, dessas mulheres que não se prende, dessas que o amor próprio transborda sem afogar.
Sempre quis ser dessas mulheres por quem se move céu e terra para ter e não perder. Nunca perder.
Dessas que só de olhar você acha impossível conquistar e quando conquista se pergunta todo dia como conseguiu.
Helena sempre quis ser tempestade, mas só sabe ser garoa.




Colocou aquele pijama velho,
pegou o chá e deixou em cima da mesinha,
calçou as meias e pôs o filme favorito pra rodar.
Afinal, só tem importância se você der importância,
caso contrário, é vida que segue.