quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Adjetivo

Tem uma música da Priscilla Novaes Leone que diz assim:

 "Caro é transformar-se em um arremedo de si próprio
A ponto de nem se reconhecer mais".


Reconhecer-se.
Seja o sorriso de canto de boca,
o jeito de falar,
o jeito de pensar,
de se expressar,
o jeito de expressar opinião,
o jeito de não expressar opinião,
todo mundo tem um jeito,uma característica que te define, uma só palavra que diz mais sobre você do que um biografia completa não autorizada, sim, porque as não autorizadas são sempre mais legais.
Não querendo estereotipar ninguém, mas eu acho que somos um conjunto de adjetivos e um resume nossa personalidade. Lembra quando a professora lá na terceira série te ensinou o que eram adjetivos? Eu acredito que todos temos um adjetivo que nos veste perfeitamente.
O problema é quando essa vestimenta não é a mais adequada, desculpe a metáfora pobre, metáforas não são minha praia (ainda estou descobrindo qual minha praia na verdade, mas posso afirmar que não são metáforas). Enfim, o problema é quando o que te define é o pior que existe em você, quando eu era criança e aprendi sobre adjetivos  achei que adjetivo era só coisa boa, por que os exemplos eram sempre: Maria é bonita, João é médico, Pedro é inteligente, nunca eram exemplos com características ruins, mas a gente cresce e descobre que características ruins também podem qualificar substantivos.
Acontece que a gente é apegado a quem a gente é, quem a gente se tornou, fomos moldados pelas nossas experiências, escolhas, e tudo mais que forma a nossa personalidade, auxilia no amadurecimento ou endurecimento, dependendo da pessoa, gostamos de ser quem somos porque somos resultados de tudo o que vivemos. E não gostar disso é admitir que falhamos em algum ponto do caminho.
É admitir que poderíamos ser melhores do que somos.E admitir que podemos ser reconhecidos mais pelos nosso defeitos que pelas nossas qualidades.
E reconhecer isso é duro, porque depois que a gente reconhece a gente se sente na obrigação de mudar, e mudar é admitir que algo não está bom, é assumir uma responsabilidade com você mesmo, e se você falhar com você será culpa sua, só sua e dessa vez não vale dizer "a culpa é minha, boto ela em quem eu quiser" porque só vai ter você para receber a culpa.
E não dá pra fugir de você mesmo.
E não dá pra deixar um adjetivo ruim te definir.
E não dá pra seguir vivendo a vida, porque todo dia você vai se lembrar que a sua maior característica te faz uma pessoa que você não gostaria de ser, mas é.








 Essa maldita mania de viver no outono...
Sara Westphal