quinta-feira, 7 de novembro de 2013

De vez

O ritual é invariavelmente o mesmo:
eu cruzo as pernas, cruzo os dedos,
ponho uma música pra tocar e olho pra tela.
Será que eu escrevo?Ou melhor, será que eu digito? (essa modernidade acaba com toda a classe e requinte dos meus sentimentos)
Mordo o lábio, penso, penso, penso e percebo que esqueci de respirar. Fecho a janelinha.
Desisto.
Penso em como seria poder falar com você.
Aí eu lembro que esqueci de inventar uma desculpa e pedir seu número, deixo pra amanhã.
Pra depois.
Pra quando a vontade passar.
Sempre tomo fôlego mil vezes pra criar coragem,
e só uma vez não sai correndo, geralmente eu só deixo
a vontade passar e ela sempre passa.
Então amanhã eu repito tudo.
E deixo de novo pra depois, pra quando a vontade passar, de vez.


Ouvindo 500 miles, hoosters.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Plural

Rascunhando a vida.

E eu levitei naquela hora, a hora que vi o seu sorriso.
No momento seguinte sabia que não tinha mais jeito, não tinha mais volta, não tinha mais chão.
Eu fecho os olhos e vejo seu sorriso.
O tempo todo, todo o tempo.
Fazia anos que eu não me deparava com um sorriso assim.,com olhos assim, parecem capazes de ver a alma, os sentimentos, tudo de mais profundo que existe.
E eu tenho medo de te olhar e meus olhos caírem em tentação.
Não posso cair em tentação com você, você se parece com todos os meus amores platônicos, está perto e longe, parece tangível, parece possível, parece real, parece, parece, parece solução mas é só problema.
Problemas.
Plural.
Mas ainda tem o sorriso mais cativante do mundo, me diz como não se deixar levar?Como?
Estou em estado de contemplação.
E esses olhos, e esse sorriso?Qual a necessidade desse conjunto de armas mortíferas?
Porque esses olhos?
Porque esse sorriso?
Riso leve, fácil de tirar, fácil de aparecer.
E eu ensaio mil diálogos.
Pareço adolescente.
Pareço menina.
E fico calada.
Por isso sei bem que és um amor platônico.
Todos os meus amores platônicos conseguiram me calar.



Luz dos olhos - Cássia

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Em aberto

E os olhares se cruzaram e Helena pensou: sustenta, sustenta o olhar, tenha certeza que eles se cruzaram porque estavam ambos procurando pela mesma coisa, porém, Helena não sustentou. Ela não é do tipo que sustenta olhares.Ela também não sabia explicar o porque de toda essa vontade, da onde vinha toda essa urgência?
Não era sentimento, era senso de oportunidade, se é que isso existe.
Helena se sentia atraída por tudo nele, pelo jeito suave de falar,pela capacidade que tinha de fazê-la ficar pendurada em cada palavra que ele dizia, pelo modo que ele sorria, e que sorriso diga-se de passagem, mas não, ele não fazia o tipo dela.
Olha só que interessante, Helena tinha um tipo e ele era oposto de todos os tipos que Helena já teve, ou sonhou ter. Todos mesmo.
E havia aquele convite em aberto. Mas e ela? Helena não sabia dizer se estava aberta a novas circunstâncias, sair da zona de conforto, enfrentar esse querer.
Helena, como vocês bem sabem, não tinha talento pro amor.
Nem pra nada que envolvesse real sentimento.
Era por isso que ele era interessante, não havia sentimento, havia a oportunidade, a curiosidade, havia a diferença, havia tudo e não havia nada e isso a embaraçava, deixava Helena completamente aturdida, o que era tudo isso? Seria essa a definição de desejo? Um querer, assim?  Que vai e volta?

Uma mesa de chopp em um barzinho qualquer.
Uma sala escura com um filme qualquer.
Um lugar qualquer.


E a zona de conforto Helena?
Ouvindo (mentalmente) Follow Rivers - Lykke Li




segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Helena.

Hoje li uma sentença que me lembrou Helena.
"Antes só do que mal apaixonada"
Conhecem Helena?


Helena não tinha talento pro amor.
Mas tinha porém um diário e quando tinha nove ano escreveu na primeira página 'eu gosto do joão'.
Só que o João não gostava dela, gostava da loirinha e era correspondido.
E o João morava na rua de cima e era amigo dos primos de Helena e os primos leram o diário.
E o resto da história vocês conhecem, mas eu vou contar mesmo assim.


Helena não era igual, não tinha beleza igual, não tinha assuntos iguais mas mesmo assim sempre teve facilidade em conquistar amigos. Mas tadinha de Helena, não tinha a mesma facilidade em conquistar amores, vivia de amores platônicos, respirava ilusão e desejos ocultos, pois tinha aprendido a não falar (nem escrever) sobre sentimentos. Na infância  e na pré-adolescência sofria por ser diferente, queria fazer parte do padrão e tentou até a exaustão, achava que o interesse do sexo oposto não chegava até ela porque ela não era igual as outras.
Na adolescência tudo continuou igual, mas agora ela já não se importava mais em ser parte do padrão, não queria ser igual, queria só que gostassem dela do jeito que ela era, não queria ser aceita, queria ser gostada. E foi na adolescência que vieram os primeiros amores (ou que ela julgava serem amores) e mesmo assim Helena respirava amor platônico. Tinha talentos pra muita coisa, mas pro amor, nunca descobriu o caminho.
E sofria. Se achava feia, queria saber o motivo de todo mundo ter um amorzinho e ela não, como se vê, ela foi uma adolescente comum, com uma infância comum.
E lia livros, procurava assuntos diversos, tentava um meio de contornar sua feiura e nada.
Percebeu que vivia em uma sociedade onde ser bonita era muito mais conveniente que ser interessante.
Mas no meio da adolescência conheceu alguém que a reconhecia e ela disse eu te amo pela primeira vez pra um zé que falou pra todo mundo e a história do diário se repetiu. Helena não disse mais eu te amo por anos. E todo mundo no mundo teve um namoradinho na adolescência menos Helena.
Mas ela ainda tinha esperança, cresceu, mudou muito, se aceitou e foi ser feliz e adivinha?
Esbarrou mais uma vez com padrões, dessa vez não estéticos apenas, Helena descobriu que não era feminina o suficiente, não era meiga o suficiente e sofreu mais uma vez, mas já aos vinte e poucos anos Helena encontrou o que tava procurava e se achou. E teve chão por muito tempo, mas acabou, então Helena se perdeu e descobriu que podia ter quem quisesse e isso de início a agradou muito, mas não o suficiente, ela descobriu que não queria ser desejada por muitos, nem por poucos, nem por ninguém.
Queria mesmo era ter talento pro amor.
Ou quem sabe talvez o amor tivesse talento pra ela.




sábado, 14 de setembro de 2013

There's no need to go and blow the candle out ♪

Lullaby, nickelback.

Hoje a comida parece estar mais indigesta que o normal, hoje não é só a minha gastrite que vai me obrigar a dormir depois da meia noite.
Hoje o que me prende mesmo é essa sensação de sufocamento.
Minha mente ainda não se acostumou com a idéia, e é tão ruim estar tão longe.
É tão ruim não compreender todos os desígnios.
Como se consola uma dor irremediável?
Os pensamentos vão e vem, algumas coisas perambulam pela minha mente.
Mas eu queria estar perto.
Queria poder fazer diferente.
Sobram tantas palavras não ditas.
Não posso sequer imaginar a dor.
Não consigo me por no lugar, não consigo imaginar como se sobrevive a uma dor dessas.
Uma dor latente, que vai virar saudade, mas vai continuar doendo.
Não consigo imaginar, a ficha não cai.
Sei também que não se põe em palavras tal dor.
Sei que ninguém nunca está preparado, mas quando vem sem ensaios deixa a sensação de tempo perdido, vida mal vivida. Quando vem assim, sem avisar, deixa em quem ficou com a sensação de que está por ir.



In memoriam.
Resta a nós o consolo de saber que Deus cuida de todos nós, sempre e em todo lugar.




quarta-feira, 4 de setembro de 2013



sábado, 29 de junho de 2013

Abre essa janela, primavera quer entrar ♫

Acordei e soube na hora que o próximo passo seria  escrever, procurei uma música que explicasse o que estou sentindo e não achei, mas coloquei Los Hermanos pra tocar mesmo assim. São oito da noite e eu acabei de acordar de um sono proibido, mas um dos melhores dos últimos dias, por falar em últimos dias perdi a conta de quanto tempo tem que minha mente anseia pra por em palavras o turbilhão de coisas que aconteceu nesse ultimo mês, já tem um ano que é junho.


Canta para mim qualquer coisa assim sobre você, que explique a minha paz, tristeza nunca mais ♪
Casa pré - fabricada, Los Hermanos. 


Acordei e pensei é sábado a noite, estou em casa e na visão mais otimista da noite eu estou conseguindo terminar o programa de conversão que meu professor de computação básica pediu.
Mas eu queria mesmo era sair pra dar uma volta, passar horas conversando sobre coisa nenhuma, o clima parece tão agradável, sentar no banquinho de uma praça e ficar lá, divagando.
Ou ir lá pra baixo do prédio, sentar na porta e ficar horas falando sobre nada específico.
Ou só ficar falando horas sobre nada específico, não sou muito exigente.
Ter uma daquelas conversas  onde o assunto flui e se não fluir o silêncio não será constrangedor.
Queria companhia legitima.
Tomar um sorvete de casquinha e de bola, porque não acho sorvete italiano um sorvete de casquinho legítimo.
Sentir o vento no rosto, igualzinho aquelas cenas clichês de comédias românticas.
Mas não quero um romance, quero a companhia, se o romance viesse também não teria problema.
Não tenho nada contra clichês, nem sou dessas de reclamar da solidão, mas tudo em excesso cansa, até a solidão.
Quero pra mim uma dessas histórias leves, saudáveis.
Quero uma dessas conversas que te fazem rir por horas a fio e quando você se despede você ainda está rindo.
Não quero uma ligação por telefone, as pessoas mais importantes da minha vida só falam comigo por telefone e é maravilhoso, mas se eu já tenho elas longe porque eu iria querer alguém só pra trocar sms? conversar por telefone? Quero aquele tipo de companhia que aparece na sua casa de surpresa ou  com um saquinho de pipoca e um filme. Ou que aparece todo sábado meio dia. Ou que tem uma batida perfeita pra sua porta de madeira. Mas que aparece, quero uma companhia de verdade.
Quero uma coisa perto. Estou cansada de coisas longe. Coisa não é bem a palavra mas serve.
As minhas coisas já estão longe e indo pra mais longe ainda.
Não é carência, é cansaço.





sábado, 20 de abril de 2013

domingo, 17 de março de 2013

E onde não queres nada, nada falta

Tinha um tempo que o riso vinha fácil, era frouxo, estava sempre por perto.
Tinha um tempo que o frio na barriga era frequente, aquele frio gostoso de se sentir, que antecede uma grande emoção.
Houve um tempo também que o dinheiro era só dinheiro, pra comprar doce, pra ir na padaria.
Dinheiro era só ir ali e pedir pra 'mainha' que ela sempre tinha, porque era dinheiro pouco, porque era só pra pequenos prazeres, os melhores prazeres na minha opinião.
Tinha uma época que escola era só diversão, era tudo fácil, aprender então, era uma delícia.
Houve época que aprender não era só obrigação, era escolha. Por falar em escolha houve um tempo que todas as escolhas era fáceis, não alteravam a vida da gente de maneira brusca e quando alteravam era sempre pra melhor.
Houve um tempo que uma ligação salvava meu dia.
Tinha época que os olhos não eram todos julgadores, ou eu achava que não eram.
Tinha época que o coração acelerava.
Tinha época que lembranças faziam sorrir.
Tinha época que eu chegava em casa e tinha comida quentinha, tinha um abraço de mãe, tinha uma briga com meu irmão. Era um tempo bom, tempo de amor sabe? Tempo de amor gratuito.
Houve um tempo ...
Que as lágrimas não  tinham que ser contidas a cada ligação.
Um tempo que as dores duravam menos, perfuravam menos.
Um tempo em que a bagunça na vida da gente era só uma bagunça, não um labirinto.
Houve um tempo que eu acreditava que sozinha a gente chegava longe.
Houve um tempo que eu tinha as prioridades certas.
Houve um tempo que a atenção vinha assim, leve, não tinha que ser pedida, implorada.
Houve um tempo que até sozinha eu achava que tava acompanhada.
Houveram épocas na minha vida que eu conseguia fazer os outros rirem, não de mim, comigo.
Houve um tempo que eu chorava sempre que escrevia e eu acreditava que aqueles eram tempos difíceis, até que chegou este tempo, onde as lágrimas sempre vem sempre, mas nem sempre podem ser escritas.


"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei". 
Mateus 11:28



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ensaio

Deve ser exaustão mental na verdade...
Testando os limites da minha mente, da minha alma, do meu corpo, testando tudo que existe em mim.
É como se em cada extremidade do meu corpo estivesse sendo puxada em direções diferentes, enquanto eu quero apenas ficar quieta, parada, idealizando uma vida que não é minha.
Se eu soubesse que desistir era tão mais fácil eu teria feito um alicerce melhor para os meu sonhos, meu planos, minha vida, sempre ouvi dizer que é difícil conquistar o que deseja, mas hoje vejo que isso é um eufemismo, perdoe-me os fortes, vigorosos, que não se deixam abater, mas vocês são feitos de outra matéria, são de outro planeta, porque não só é fácil se abater, é muito mais fácil
Não que eu vá desistir, mas eu acredito que este pensamento de derrota nem deveria permear a minha mente.Os dias estão ruins, por consequência as semanas ficam ruins e eu só tenho vontade de uma coisa, dormir, dormir, dormir e quando acordar estar em casa, comendo a comida da minha mãe, vivendo minha adolescência perdida. Isso de ser adulto é muito tedioso, chato, é muita responsabilidade isso de se manter, se pagar, se custear, essa rotina de não viver acaba comigo, isso de acordar, ir pra faculdade aprender coisas inúteis que não serão utilizadas no mercado de trabalho porque o modelo de ensino brasileiro é uma farsa,não se destacar nessas coisas inúteis  ter o ego ferido por se esforçar e ainda assim não ser a melhor, dar o seu melhor e nem chegar perto de ser suficiente, tudo isso pra que? Eu sei pra que e é por isso que eu nunca desisti, nem pretendo, mas eu não aguento outras duas semanas como essa, sem dormir direito, sem comer direito e sem ter resultados efetivos.
Vontade de ligar pra um amigo, chorar minhas magoas, reclamar dos meus dias chatos, da minha vida cinza, mas nem isso eu faço mais, se eu não tô com paciência de pensar nos meus problemas (que na verdade poderiam ser resolvidos se não fosse todo essa desanimo) imagina os outros?
Eu deveria estar lá agora, entupindo meu cérebro de informações, mas estou aqui na minha cama, feito uma criança, choramingando ao invés de ir a luta.


Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos ♪
Podres poderes, Caetano.