quinta-feira, 10 de abril de 2014

Conjugando verbos no passado

"Foi de longe a coisa mais leve que já vivi com alguém 
Não tinha expectativa, juro, eu sou assim, sempre parece que espero mais, mas só parece.
Agora eu lembro das músicas, da sua barba, de como eu coube nos seus braços, lembro dos nossos olhares se cruzando e da batalha interna que foi pra você e pra mim.
Queria poder te dizer tudo isso mas vai parecer que eu ainda quero e não, eu não queria ter continuado. 
Mas queria ter dito mais coisas, não queria ter dito só 
"tranquilo, tudo bem, eu entendo".
Não que seja mentira, mas queria dizer que não, eu não queria mais, nem menos, sabia que faltava algo, sabia que seria inevitável, é que a gente tinha tudo pra dar certo, tinha, pretérito imperfeito."

sábado, 5 de abril de 2014

Ressaca

Helena 

A roupa de ontem está aos pés da cama.
O cabelo inclusive ainda é o de ontem, mas sem o glamour, só o embaraço.
Tem umas dez horas que tudo que ela sente é o toque do lençol sob a pele.
O corpo está mole, fadigado, os olhos pesados e o estômago virado.
Do lado da pilha de roupas há uma garrafa de água e o clima é aquele de domingo.
Nada acontece, nem o vento sopra, só um calor insuportável.
Decidiu que precisava tomar um banho gelado, pra ver se a vida muda de cor e o clima muda o jeito como toca sua pele.
Olha pro celular, ele não ligou, nem mandou mensagem, faz dias já, nem era importante, mas era algo.
Era.
Faltam 40 minutos, esqueceu que tinha compromisso.
Quem marca compromisso em um dia assim?
Que agonia!
São quatro da tarde e ela ainda não levantou da cama, as lembranças de ontem vão e voltam, os sentimentos dançam em um ritmo desconexo.
São 4 da tarde e a cama se molda ao momento de tal maneira que fica impossível levantar, o apartamento cheira a solidão, até os moveis estão com preguiça.
A água fria do chuveiro causa a mesma ansiedade que ela sente diante do novo, ela fecha os olhos e sente o frio se espalhar pelo corpo, incomoda e ao mesmo tempo faz bem, parece até imitação do dia de ontem.
Ela não bebeu.
Ela não fumou.
Ela não dormiu tarde.
É ressaca, mas não de excesso.
É ressaca de falta.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Inteira

Dia de chuva em pleno outono, pena que eu não tinha um lápis a mão.


Está sempre chovendo e quando não está chovendo faço chover, eu preciso que seja desse jeito.
Preciso é uma palavra tão forte, vou corrigir, eu prefiro que seja desse jeito, me faz sentir humana.
Ser humana.
É disso que eu vinha sentindo falta na vida.
A gente tá sempre na defensiva ou sempre buscando arduamente um objetivo, uma pessoa.
Sentia falta do meio termo, não é bem o meio termo, sentia falta da gente deixar as coisas fluírem.


De um lado gritam: se você quer conquiste, lute, corra atrás, ninguém vai alcançar o objetivo parado, esperando a vida passar.
Do outro lado gritam ainda mais alto: se for pra ser seu ninguém tira, não ligue, não telefone, não demonstre.
E hoje eu sussurro pra você: ponha um fone, aumente o volume, ignore os gritos e viva, as convenções sociais são um saco, não posso falar pra você como você deve agir, mas posso afirmar uma coisa, pessoas não são objetivos, não são obstáculos, não são causas, consequências nem nada parecido.
Pessoas são pessoas e isso já é definição suficiente.


Eu leria os mesmos livros, sofreria pelos mesmos amores,
escreveria os mesmo bilhetes, me apaixonaria pelos mesmo sorrisos,
brigaria pelas mesmas causas.


Por via de regra sempre escrevo perto de completar mais um ano de vida.
Nem sempre publico, mas sempre escrevo.
E dessa vez não escrevo por medo, ansiedade, ou só porque tô de TPM (sempre dá vontade de escrever quando tô de TPM)
Escrevo como uma forma de me presentear, de deixar gravado o sentimento de hoje.
Talvez daqui a um ano ou dois eu não lembre mais de como me sentia hoje, mas aí é só voltar pra essas páginas velhas que me encontro.


São precisamente 20:15 do dia 01/04/2014, existo a aproximadamente 7665 dias e 4 horas e 15 minutos.
Isso dá 21 anos e 362 dias.
Não tive medo de fazer 18, não mudou nada.
Tive medo de sair de casa aos 18.
Morri de medo dos 20, 20 pesa uma tonelada, sério.
Mas nem foi tudo isso, era tudo drama.
Fazer 21 foi tranquilo, tava em casa, fazia 2 anos que passava longe de mamis.
Ter 21 pesou o dobro dos 20, mas só descobri depois.

Segundo a Ludimila de uns 10 anos atrás com 18 eu já moraria só e seria rica.
Eu moro só, não posso dizer que não sou uma vencedora!
Eu também seria bailarina (não há um dia que eu não prometa voltar pro ballet).
Segundo a Ludimila de 7 anos atrás eu não casaria e não teria filhos,
ainda segundo a mesma eu seria jornalista.
A Ludimila de 4 anos atrás seria publicitária.
A Ludimila de hoje não se arrepende das escolhas que fez (mentira, quero voltar pro ballet).

Bingo! Dois patinhos na lagoa.
Eu deixei de ser tona infinitivos.
Num piscar de olhos passa e sabe aquela história do se ama por dentro?
Só vale a pena quando o lado de fora te afoga de amor.