terça-feira, 22 de outubro de 2013

Plural

Rascunhando a vida.

E eu levitei naquela hora, a hora que vi o seu sorriso.
No momento seguinte sabia que não tinha mais jeito, não tinha mais volta, não tinha mais chão.
Eu fecho os olhos e vejo seu sorriso.
O tempo todo, todo o tempo.
Fazia anos que eu não me deparava com um sorriso assim.,com olhos assim, parecem capazes de ver a alma, os sentimentos, tudo de mais profundo que existe.
E eu tenho medo de te olhar e meus olhos caírem em tentação.
Não posso cair em tentação com você, você se parece com todos os meus amores platônicos, está perto e longe, parece tangível, parece possível, parece real, parece, parece, parece solução mas é só problema.
Problemas.
Plural.
Mas ainda tem o sorriso mais cativante do mundo, me diz como não se deixar levar?Como?
Estou em estado de contemplação.
E esses olhos, e esse sorriso?Qual a necessidade desse conjunto de armas mortíferas?
Porque esses olhos?
Porque esse sorriso?
Riso leve, fácil de tirar, fácil de aparecer.
E eu ensaio mil diálogos.
Pareço adolescente.
Pareço menina.
E fico calada.
Por isso sei bem que és um amor platônico.
Todos os meus amores platônicos conseguiram me calar.



Luz dos olhos - Cássia

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Em aberto

E os olhares se cruzaram e Helena pensou: sustenta, sustenta o olhar, tenha certeza que eles se cruzaram porque estavam ambos procurando pela mesma coisa, porém, Helena não sustentou. Ela não é do tipo que sustenta olhares.Ela também não sabia explicar o porque de toda essa vontade, da onde vinha toda essa urgência?
Não era sentimento, era senso de oportunidade, se é que isso existe.
Helena se sentia atraída por tudo nele, pelo jeito suave de falar,pela capacidade que tinha de fazê-la ficar pendurada em cada palavra que ele dizia, pelo modo que ele sorria, e que sorriso diga-se de passagem, mas não, ele não fazia o tipo dela.
Olha só que interessante, Helena tinha um tipo e ele era oposto de todos os tipos que Helena já teve, ou sonhou ter. Todos mesmo.
E havia aquele convite em aberto. Mas e ela? Helena não sabia dizer se estava aberta a novas circunstâncias, sair da zona de conforto, enfrentar esse querer.
Helena, como vocês bem sabem, não tinha talento pro amor.
Nem pra nada que envolvesse real sentimento.
Era por isso que ele era interessante, não havia sentimento, havia a oportunidade, a curiosidade, havia a diferença, havia tudo e não havia nada e isso a embaraçava, deixava Helena completamente aturdida, o que era tudo isso? Seria essa a definição de desejo? Um querer, assim?  Que vai e volta?

Uma mesa de chopp em um barzinho qualquer.
Uma sala escura com um filme qualquer.
Um lugar qualquer.


E a zona de conforto Helena?
Ouvindo (mentalmente) Follow Rivers - Lykke Li