quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Adjetivo

Tem uma música da Priscilla Novaes Leone que diz assim:

 "Caro é transformar-se em um arremedo de si próprio
A ponto de nem se reconhecer mais".


Reconhecer-se.
Seja o sorriso de canto de boca,
o jeito de falar,
o jeito de pensar,
de se expressar,
o jeito de expressar opinião,
o jeito de não expressar opinião,
todo mundo tem um jeito,uma característica que te define, uma só palavra que diz mais sobre você do que um biografia completa não autorizada, sim, porque as não autorizadas são sempre mais legais.
Não querendo estereotipar ninguém, mas eu acho que somos um conjunto de adjetivos e um resume nossa personalidade. Lembra quando a professora lá na terceira série te ensinou o que eram adjetivos? Eu acredito que todos temos um adjetivo que nos veste perfeitamente.
O problema é quando essa vestimenta não é a mais adequada, desculpe a metáfora pobre, metáforas não são minha praia (ainda estou descobrindo qual minha praia na verdade, mas posso afirmar que não são metáforas). Enfim, o problema é quando o que te define é o pior que existe em você, quando eu era criança e aprendi sobre adjetivos  achei que adjetivo era só coisa boa, por que os exemplos eram sempre: Maria é bonita, João é médico, Pedro é inteligente, nunca eram exemplos com características ruins, mas a gente cresce e descobre que características ruins também podem qualificar substantivos.
Acontece que a gente é apegado a quem a gente é, quem a gente se tornou, fomos moldados pelas nossas experiências, escolhas, e tudo mais que forma a nossa personalidade, auxilia no amadurecimento ou endurecimento, dependendo da pessoa, gostamos de ser quem somos porque somos resultados de tudo o que vivemos. E não gostar disso é admitir que falhamos em algum ponto do caminho.
É admitir que poderíamos ser melhores do que somos.E admitir que podemos ser reconhecidos mais pelos nosso defeitos que pelas nossas qualidades.
E reconhecer isso é duro, porque depois que a gente reconhece a gente se sente na obrigação de mudar, e mudar é admitir que algo não está bom, é assumir uma responsabilidade com você mesmo, e se você falhar com você será culpa sua, só sua e dessa vez não vale dizer "a culpa é minha, boto ela em quem eu quiser" porque só vai ter você para receber a culpa.
E não dá pra fugir de você mesmo.
E não dá pra deixar um adjetivo ruim te definir.
E não dá pra seguir vivendo a vida, porque todo dia você vai se lembrar que a sua maior característica te faz uma pessoa que você não gostaria de ser, mas é.








 Essa maldita mania de viver no outono...
Sara Westphal




segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Aos pessimistas, com carinho

Sobre o direito de desistir

Se você é um desses otimistas incuráveis, por favor, pare de ler esse texto agora, esse texto não vai te fazer bem e vai contra todos os seus valores, contra os valores de todos vocês que acreditam piamente que no final tudo acaba bem.
Todo mundo tem um limite, sim, eu sei que tem gente que parece que não, e sei que essas pessoas são altamente competentes, responsáveis, cumprem prazos e compromissos, são pontuais, são legais, dão conta de tudo, e eu, você e o resto de todos nós gostaríamos de ser assim e são nessas tentativas de querer ser como essas pessoas que a gente costuma se estrepar, com perdão da palavra.  Acorda e diz, cansei, vou ser altamente produtivo a partir de hoje e começa a se testar, assume mais compromissos e responsabilidades, abraça o mundo com as pernas e faz o seu melhor pra tudo dar certo.
Aí um belo dia você descobre que o seu melhor não é suficiente e faz mais e mais e mais e mais e mais e mais e mais e ainda não tá  nem perto de ficar bom, pode até ser o seu melhor desempenho na vida, mas você quer ser uma dessas pessoas de sucesso e sabe que ainda não fez o suficiente.
E as coisas começam a acumular, e você se doa mais e mais e mais e mais e mais e o resultado esperando nunca é bom, porque você está tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo.
E sua cabeça vira uma zona e tudo passa a ter prioridade máxima, menos você.
E você dorme menos.
Come mal.
Está sempre correndo.
Sempre ocupado.
E sempre cheio de coisas pra fazer.
Acorda e vai dormir pensando em como dar conta das suas tarefas.
Eu tenho uma coisa pra dizer a você, você tem o direito de desistir.
Não tô falando pra você virar um "desistidor", uma arranjador de desculpas, um medroso.
Tô falando pra você reconhecer os seus limites, saber até onde você pode ir e o quanto você pode avançar, evoluir e qual o momento de parar, se for preciso parar.
Eu sei, essa coisa de você pode, você consegue, basta dar o seu melhor é altamente inspiradora, mas veja lá, não é a coisa mais funcional que eu já vi na vida, até porque eu tenho pouquíssimo pra falar sobre da vida, tem gente muita mais vivida e mais inteligente do que eu pra dar conselhos, eu não dou conselhos, eu só desabafo, obrigado por ler meus desabafos.
Eu queria achar um jeito melhor de poder falar, faz só o que você sabe que vai dar conta e faça bem feito e aumente sua carga aos poucos, faça disso um hábito, não precisa sair perfeito da primeira vez, refine, retrabalho nem sempre é a pior coisa do mundo, sim, tem gente que dá conta, tem gente que consegue por o pé na cabeça, mas não é porque ele consegue que você tem que conseguir. Acredito que a sociedade cobra de nós uma força que somos sim capazes de ter, mas não assim, de repente, a gente evolui, vai crescendo, amadurecendo, se conhecendo e se reconhecendo, por isso eu digo, desista se for preciso, desistir não é atestado de covardia, ninguém trabalha bem sobrecarregado, o emocional falha, a saúde falha, dê um passo atrás, você não vai ser uma pessoa melhor ou pior por isso.
As vezes persistência é só uma máscara pra teimosia, dar murro em ponta de faca, etc.
O sucesso vem com a caminhada e nem todo caminho é uma reta.
Assumir que o caminho escolhido é ruim é o primeiro passo pra mudar a rota.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Primeira pessoa


Eu aprendi a me perder no mundo da leitura lá pelos 10 anos, quando a escola decidiu que já era hora de obrigar as pessoas a comprar o livro que tinha na lista de materiais e poucas coisas na minha vida me mudaram tão drasticamente, eu leio até lista de compras de supermercado se tiver ao alcance dos olhos, menos auto ajuda, nada contra, li até uns 5 ou 6 pra tentar entender porque fazem tanto sucesso, não entendi.
E eu descobri muito cedo que se ler é uma delícia, reler então, é um orgasmo, com o perdão da palavra aos mais recatados, reler te traz sensações novas e inimagináveis, eu aprendi muito cedo a reler livros, tem livros que já li mais de 10 vezes, mas nada me dá tanto prazer quanto reler diálogos.
É na conversa que deixamos escapar as melhores risadas, os olhares de cumplicidade...
E eu registro diálogos desde os meus 14/15 anos.
E como a minha memória é fraquíssima isso me faz lembrar de como eu era, do que ainda sou, porque algumas coisas são nossas pra sempre.
E as promessas de pra sempre...
E as promessas corriqueiras...
Registrar diálogos faz com que as nossas memórias fiquem mais limpas, impede que o passado deixe tudo a meia luz, enfeitando o que não era tão bonito assim e escondendo o que é.


sábado, 12 de julho de 2014

Beijo

Helena

~ Leia ouvindo Radioactive, Imagine Dragons ~

Helena sustentou o olhar e ele veio, sem meias palavras, sem aquele sorriso de bambear as pernas, sem aquele ar de seriedade que costuma intimidar as pessoas que não o conhecem bem.
Só veio.
E quando deu por si tudo que ela sentia era o corpo dele junto ao seu, a boca dele junto a sua, tanta coisa não dita, tanto a se dizer, no salão ninguém prestava atenção naquele casal, ninguém sabia que aquele beijo era o beijo mais importante da vida de Helena, nem Helena tinha ciência disso, tanto que esqueceu que aquela boca não era do seu namorado.
Ele, que era dono do seu coração, dono dos seus pensamentos. Era por ele que Helena fechava os olhos pra ouvir o coração, era a voz dele que permeava seus pensamentos noturnos e era pela companhia dele que ela ansiava nas noites de insônia, mas não era ele que estava ao lado dela. Ele era um desencontro. Foram muitas as tentativas, infinitas, mas tudo sempre resultava em mais desencontros até o beijo.
E depois do beijo teve uma noite, conversas, diálogos sobre nada importante, risos, vinho, mais beijos.

E um choque de realidade. Helena encontrou os amigos do namorado, que souberam, fizeram um auê e então encontrou o namorado. Um rapaz adorável, aquele que toda sogra sonha, mas Helena ainda não era sogra, terminou, o moço em questão logo arrumou um moça adorável, que toda sogra sonha também, a ex-sogra não achava Helen adorável.
Nesse momento Helena acordou, ainda com a sensação do beijo percorrendo seu corpo, eram 3 horas da manhã, mandou um sms pro namorado sonho da mamãe e foi pra varanda digerir o sonho.
As luzes da cidade não seriam suficientes pra tirar o beijo dos seus pensamentos, acendeu um cigarro.


terça-feira, 8 de julho de 2014

Nestes braços tais ♪

Não se dê ao trabalho.
Veja bem, se for só por obrigação, não precisa nem se explicar.
Nem os pombos da minha rua vivem só de migalhas,
nem as ratazanas do esgoto vivem só de migalhas.
Então, se for por obrigação nem precisa me procurar,
dispenso suas desculpas esfarrapadas, poupo meus ouvidos, meu tempo e meu ego.
Eu não sou de vidro.
Eu não mereço sua pena.
Nem sou mais criança, veja bem, se quiser ir vá.
Se quiser vir, venha.
Mas não use muitas palavras, não gaste muito do seu tempo, não desgaste a sua lábia.
Venha só se quiser, só venha se cada célula do seu corpo ansiar por isso.
Mas não venha nunca só por obrigação.
Não ligue.
Não visite.
Não se desloque nem em pensamento se for só por obrigação.
E dessa maneira quando chegar saberei que veio por que quis
E quando vieres, aaaah, quando chegares...
Saberá que eu também não te espero por obrigação.


Veja bem além destes fatos vis
Saiba, traições são bem mais sutis
Se eu te troquei não foi por maldade
Amor, veja bem, arranjei alguém
Chamado "saudade"

Veja bem meu bem, los hermanos

domingo, 15 de junho de 2014

Inconsistência

Títulos, assim como introduções, devem ser feitos depois.
Depois de tudo.
E isso,  não é uma sugestão, é uma regra.
Depois que você já escreveu tudo que queria, disse tudo que podia, fez o que bem entendeu, só então você relê e escreve sua introdução, ou o título, porque vai conseguir (ou tentar) resumir tudo em uma linha.
É como descrever um sentimento em uma palavra.
Hoje eu escrevi o título antes.
Antes dessas linhas mal traçadas eu já sabia sobre o que ia escrever e isso é coisa rara de se ver.
Porque isso, meu amigo, é a sensação que me consome quando meus olhos olham pra outra direção.
Geralmente é só um trecho de uma música, porque sou péssima com títulos.




Eu sei apontar o erro, sem apontar onde devem ser feitas as correções.
Eu sei como deveria ter sido, como deveria ter agido.
Se eu fizesse uma prova sobre a teoria de como as coisas são eu tiraria 10.
Mas quando é olho no olho, pele na pele, ai meu gentil amigo, a história é outra.
Não há uma linha tênue que divide atitudes de palavras. Há um tremendo abismo, um poço sem fundo, uma queda livre, pra baixo, pra baixo e pra baixo. É preciso muito treino para cair de pé e pôr se a subir, colocar a teoria em prática. Atitudes tem como seu combustível a coragem, a vontade, o querer, e querer muito, precisar muito, para transformar teorias, palavras, em gestos concretos.
E sinto dizer meu amigo, nesse quesito não há sequer um ponto em mim que não seja completamente falho. Vivo e sobrevivo de teorias, não suporto olho no olho nem a distância, então meu caro amigo, não me leve a mal, sei usar as palavras a meu favor, mas não espere muito mais que isso, porque por enquanto eu só aprendi a cair no abismo.


Com a coragem que a distância dá

Em outro tempo em outro lugar

Fica mais fácil.


 
Coração Blindado - Engenheiros








quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ainda não

Eu abri os olhos e instintivamente olhei pro relógio, são 5:56 da manhã, o despertador ainda não tocou, está programado para as 6:00 e não sabe que hoje é feriado, logo, eu ia acordar de qualquer jeito, ia, mas não acordei, acordei agora e suspeito que tenha acordado porque sonhei com você, dois sonhos em dois dias.
Eu nunca imaginei que isso ia dar "pano pra manga", eu tinha outros planos pra você, mas hoje eu senti o peito sufocar, e uma sensação já conhecida tomou conta de mim. Já é maio. E é isso que maio faz comigo.
Vai ver meu inconsciente se lembre que cada dia de maio traz uma lembrança doída, mas são lembranças de outras dores, outros amores, isso mesmo, no plural, maio, como eu já disse antes, não é um bom mês pra mim. Acontece que você foi um quase. Quases não fazem a gente sonhar, não invadem nossos pensamentos, não transforma nossas lembranças em troféus. Quases são quases.
Mas você não mexeu com meu coração, mexeu comigo, entende?
Me misturou, me fez reavaliar tudo que eu achava que sabia sobre estar com alguém, você fez muito, então por favor, deixe de aparecer nos meus sonhos, você já fez mais que suficiente para um quase, não apareça mais em pleno feriado as 6 da manhã, me deixa dormir e sonhar, não com quases, com inteiros.
O despertador tocou, ou melhor, tocou You remind me, do nickelback.
Acho que tenho que rever a escolha de músicas do despertador. Tenho que rever.


O texto inteiro me lembrou Eu esqueci você, da Clarice Falcão, mas é hora de acordar e eu não posso deixar o despertador tocar em vão:

"E é assim que você me faz lembrar de quem realmente sou"
  






quinta-feira, 10 de abril de 2014

Conjugando verbos no passado

"Foi de longe a coisa mais leve que já vivi com alguém 
Não tinha expectativa, juro, eu sou assim, sempre parece que espero mais, mas só parece.
Agora eu lembro das músicas, da sua barba, de como eu coube nos seus braços, lembro dos nossos olhares se cruzando e da batalha interna que foi pra você e pra mim.
Queria poder te dizer tudo isso mas vai parecer que eu ainda quero e não, eu não queria ter continuado. 
Mas queria ter dito mais coisas, não queria ter dito só 
"tranquilo, tudo bem, eu entendo".
Não que seja mentira, mas queria dizer que não, eu não queria mais, nem menos, sabia que faltava algo, sabia que seria inevitável, é que a gente tinha tudo pra dar certo, tinha, pretérito imperfeito."

sábado, 5 de abril de 2014

Ressaca

Helena 

A roupa de ontem está aos pés da cama.
O cabelo inclusive ainda é o de ontem, mas sem o glamour, só o embaraço.
Tem umas dez horas que tudo que ela sente é o toque do lençol sob a pele.
O corpo está mole, fadigado, os olhos pesados e o estômago virado.
Do lado da pilha de roupas há uma garrafa de água e o clima é aquele de domingo.
Nada acontece, nem o vento sopra, só um calor insuportável.
Decidiu que precisava tomar um banho gelado, pra ver se a vida muda de cor e o clima muda o jeito como toca sua pele.
Olha pro celular, ele não ligou, nem mandou mensagem, faz dias já, nem era importante, mas era algo.
Era.
Faltam 40 minutos, esqueceu que tinha compromisso.
Quem marca compromisso em um dia assim?
Que agonia!
São quatro da tarde e ela ainda não levantou da cama, as lembranças de ontem vão e voltam, os sentimentos dançam em um ritmo desconexo.
São 4 da tarde e a cama se molda ao momento de tal maneira que fica impossível levantar, o apartamento cheira a solidão, até os moveis estão com preguiça.
A água fria do chuveiro causa a mesma ansiedade que ela sente diante do novo, ela fecha os olhos e sente o frio se espalhar pelo corpo, incomoda e ao mesmo tempo faz bem, parece até imitação do dia de ontem.
Ela não bebeu.
Ela não fumou.
Ela não dormiu tarde.
É ressaca, mas não de excesso.
É ressaca de falta.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Inteira

Dia de chuva em pleno outono, pena que eu não tinha um lápis a mão.


Está sempre chovendo e quando não está chovendo faço chover, eu preciso que seja desse jeito.
Preciso é uma palavra tão forte, vou corrigir, eu prefiro que seja desse jeito, me faz sentir humana.
Ser humana.
É disso que eu vinha sentindo falta na vida.
A gente tá sempre na defensiva ou sempre buscando arduamente um objetivo, uma pessoa.
Sentia falta do meio termo, não é bem o meio termo, sentia falta da gente deixar as coisas fluírem.


De um lado gritam: se você quer conquiste, lute, corra atrás, ninguém vai alcançar o objetivo parado, esperando a vida passar.
Do outro lado gritam ainda mais alto: se for pra ser seu ninguém tira, não ligue, não telefone, não demonstre.
E hoje eu sussurro pra você: ponha um fone, aumente o volume, ignore os gritos e viva, as convenções sociais são um saco, não posso falar pra você como você deve agir, mas posso afirmar uma coisa, pessoas não são objetivos, não são obstáculos, não são causas, consequências nem nada parecido.
Pessoas são pessoas e isso já é definição suficiente.


Eu leria os mesmos livros, sofreria pelos mesmos amores,
escreveria os mesmo bilhetes, me apaixonaria pelos mesmo sorrisos,
brigaria pelas mesmas causas.


Por via de regra sempre escrevo perto de completar mais um ano de vida.
Nem sempre publico, mas sempre escrevo.
E dessa vez não escrevo por medo, ansiedade, ou só porque tô de TPM (sempre dá vontade de escrever quando tô de TPM)
Escrevo como uma forma de me presentear, de deixar gravado o sentimento de hoje.
Talvez daqui a um ano ou dois eu não lembre mais de como me sentia hoje, mas aí é só voltar pra essas páginas velhas que me encontro.


São precisamente 20:15 do dia 01/04/2014, existo a aproximadamente 7665 dias e 4 horas e 15 minutos.
Isso dá 21 anos e 362 dias.
Não tive medo de fazer 18, não mudou nada.
Tive medo de sair de casa aos 18.
Morri de medo dos 20, 20 pesa uma tonelada, sério.
Mas nem foi tudo isso, era tudo drama.
Fazer 21 foi tranquilo, tava em casa, fazia 2 anos que passava longe de mamis.
Ter 21 pesou o dobro dos 20, mas só descobri depois.

Segundo a Ludimila de uns 10 anos atrás com 18 eu já moraria só e seria rica.
Eu moro só, não posso dizer que não sou uma vencedora!
Eu também seria bailarina (não há um dia que eu não prometa voltar pro ballet).
Segundo a Ludimila de 7 anos atrás eu não casaria e não teria filhos,
ainda segundo a mesma eu seria jornalista.
A Ludimila de 4 anos atrás seria publicitária.
A Ludimila de hoje não se arrepende das escolhas que fez (mentira, quero voltar pro ballet).

Bingo! Dois patinhos na lagoa.
Eu deixei de ser tona infinitivos.
Num piscar de olhos passa e sabe aquela história do se ama por dentro?
Só vale a pena quando o lado de fora te afoga de amor.








sexta-feira, 28 de março de 2014

Every breath (♪)



Helena

Helena está no meio de uma crise.
 Por isso anda sumida, com preguiça de dar o ar da graça.
Com preguiça de ver gente, lidar com pessoas, lidar com situações.
Helena está hibernando, fingindo que não se importa, vivendo uma TPM eterna,
deixando as ligações irem pra caixa postal e a caixa de entrada transbordar de emails,
desinstalou o whatsapp, o skype, não entra mais no facebook.
Cansou do virtual, do real e da linha tênue que divide tudo isso e foi dormir.

"How to be brave?
How can I love when I'm afraid to fall? (♪)"


Não, não é um pedra no sapato.
Uma pedra quando entra no sapato incomoda tanto que é preciso parar o que se está fazendo e removê-la  para só depois continuar o caminho.
Tá mais pra quando a gente calça a meia com pressa e só percebe a dobrinha quando termina de calçar o tênis. Incomoda no começo, mas logo a gente se habitua e nem percebe mais.





sexta-feira, 14 de março de 2014

Nós

Como faz, por favor?
Tentei desatar: apertou, apertou
Alguém mais? Um amor?
Queira me puxar que eu vou, eu vou (♪)
5 a seco, feito nós.


Sabe quando a conexão da internet com o celular tá ruim e você fica on e fica off sem perceber no facebook?
Ou fica inativo por muito tempo e nem nota, dai alguém te avisa e você responde: uai, mas eu tava on o tempo todo.
Pois bem, é desse jeito que estou, tenho certeza que estou prestando atenção no meu mundo, certeza, até que de repente eu percebo que se passaram minutos, horas, desde que eu estive presente realmente. Mas eu não me desligo, na verdade eu tô lá, vendo, ouvindo e sentindo tudo, mas não o tempo todo, sei que não dá pra entender, eu também não entendo.
E pra completar ainda parece que existe um nó dentro de mim que quanto mais eu tento desatar mais aperta.
Um nó cego.
Ceguíssimo.
E eu sei que se eu cortar aqui e ali tudo fica de novo como estava antes.
Sem nó.
Sem nada.
 Vazio. Vazio. Vazio.
E ao invés de muitos emaranhados terei eu.
Mas eu não sei quem eu tenho agora e eu não quero ter somente eu.
Vou deixar esse nó tentar se desatar, enquanto isso estou offline, indisponível, indisposta, mas lembrando de como eu coube em seus braços, logo eu, apaixonada por abraços, se você está surpreso, imagina eu?



"Admito que você me embaraça,
me dá um nó, me tira do foco.
Admito, como diria a Mallu Magalhães, que eu perco o norte e o chão de tanto pensar em você.
E ainda assim estou dividida, entre você e um amor de verão.
Porque você me dá todos os sinais e depois nada.
De qualquer maneira, o outono tá chegando, e o verão irremediavelmente chegará ao fim."





sábado, 15 de fevereiro de 2014

Brinquedos novos

Estava passando o tempo em uma loja com um amigo quando encontrei uma camiseta com os dizeres:
"BE THE TYPE OF PERSON YOU WANT TO MEET"
Assim, em letras garrafais, como um tapa na minha cara. Na hora eu pensei, faz todo sentido, mas isso ficou martelando na minha cabeça e depois de um tempo eu descobri porque a frase mexeu comigo do jeito errado, preguiça, PREGUIÇA, assim está melhor, PREGUIÇA também em letras garrafais. Eu tenho preguiça de ser a pessoa que eu gostaria de conhecer, pelo simples fato de: seria trabalhoso demais. DEMAIS. Eu construí, assim, meio sem querer querendo, um perfil de pessoa ideal que nem eu, a idealizadora, seria capaz de ser. Até seria, mas dai eu teria que tentar e quando falhasse, porque eu sei que falharia miseravelmente, eu ia ter que encarar a realidade, não existem pessoas que a gente gostaria de conhecer, não no sentido que tomei na hora de escrever essas linhas tortas, logo pela manhã.
E tem ainda o fato de que, se eu for a pessoa que eu gostaria de conhecer, seria eu entende? E eu queria que fosse outra pessoa, eu gostaria de interagir com essa outra pessoa. Interajo demais comigo já. Tenho diálogos intermináveis comigo mesma.
Mas ando também com preguiça de conhecer pessoas novas, porque elas não são o tipo de pessoa que eu gostaria de conhecer, ninguém é, e isso não é um problema, é só um fato. Tem gente que parece que nasceu pra ter um encaixe perfeito com a gente, e mesmo assim não é a pessoa da frase com letras garrafais.
E dai acaba que eu fico parecendo criança, quando ganha um brinquedo novo, todo mundo já foi criança, todo mundo sabe o que eu quis dizer.


Ouvindo: Phoebe Buffay, Smelly Cat

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eu não tenho pressa,

o meu tempo é todo seu ♪

Quebra-cabeça, Engenheiros.




Tem tempos que eu ando remoendo a ideia de escrever um texto sobre despedidas.
Porque de uns tempos pra cá eu tenho dito mais tchaus do que ois.
Até logo, até breve, até amanhã, até, até, até.
Até as crianças aprendem a dar tchau cedo demais, puxe na sua memória, quantas crianças de menores de dois anos já sabem dar tchau? Aprendem a falar mamãe, papai e mais meia duzia de palavras, dentre elas tchau.
Eu quero dizer oi, prazer, olá, eu quero as apresentações não as despedidas.
Eu quero o começo.
Eu quero o frio na barriga, o primeiro sorriso, o primeiro aperto de mãos, as primeiras sensações, os primeiros arrepios.
Eu quero o começo.
Eu quero olhar de canto, a primeira mensagem, a primeira bebida, eu quero a sensação de pisar no desconhecido.
Eu quero o começo.
Eu quero o primeiro suspiro, quero o nervosismo que só as primeiras vezes trazem.
Eu quero o começo.
Porque o fim é sempre igual.



Eu queria ter perdido a aposta,
ter perdido.
Me perder.